Maratona Oscar 2016: Ponte dos Espiões

No começo, eu fiquei me perguntando bastante: por que um filme estava na lista dos indicados a melhor filme, não estando indicado para melhor diretor ou melhor ator? Normalmente, as indicações para melhor filme sempre vêm acompanhadas dessas outras indicações, não que isso seja uma regra.


Pontes dos Espiões é dirigido por ninguém menos que Steven Spielberg! E, gente, que filme incrível! Para mim, esse é outro que deveria desbancar fácil "O Regresso". 


O filme é estrelado por Tom Hanks, que faz um advogado de seguros americano convocado para defender um espião russo na corte americana na época da Guerra Fria. Ele acaba se colocando em risco e toda a sua família na tentativa de lutar pelo que diz a Constituição Americana, e consequentemente pelo o que ele acredita ser certo.


Eu, particularmente, achei o roteiro impecável. O filme traz uma temática seríssima e baseada em uma história real. Mesmo assim, o filme tem um humor sutil somado a diálogos inteligentes e muito bem interpretados. Óbvio que estou ignorando qualquer quê de ideologia estadunidense em retratar um acontecimento da Guerra Fria. 


Apesar de ser um brilhante ator, essa não é uma das melhores interpretações de Tom Hanks. Não sei se o excesso de plástica, mas o rosto dele estava bem estranho e parecia que ele não tinha muitas expressões a serem trabalhadas. Mas a indicação para Melhor Ator Coadjuvante para Mark Rylance, que faz o espião russo, é mais do que merecida. Um forte concorrente para o Sylvestre Stallone. 


Acredito ainda que o filme seja um forte concorrente para melhor roteiro original. Ele ainda concorre em mais duas categorias: direção de arte e mixagem de som.

Um comentário:

  1. Espetacular, sem dúvida um ótimo filme! Ponte dos Espiões marca o retorno de Steven Spielberg à boa forma e ao modo mais gostoso de se fazer cinema: com criatividade e amor pela arte. Como sempre, Hanks traz sutilezas em sua atuação. O personagem nos cativa, provoca empatia imediata graças a naturalidade do talento do ator para trazer Donovan à vida. Mark Rylance (do óptimo Novo Filme Dunkirk ) faz um Rudolf Abel que não se permite em momento algum sair da personagem ambígua que lhe é proposta, ocasionando uma performance magistral, à prova de qualquer aforismo sentimental que pudesse atrapalhá- lo em seu trabalho, sem deixar de lado um comportamento espirituoso e muito carismático. O trabalho de cores, em que predominam o cinza e o grafite, salienta a dubiedade do caráter geral do mundo. Ponte dos Espiões levanta uma questão muito importante: a necessidade de se fazer a coisa certa, mesmo sabendo que isso vai contra interesses políticos ou de algum grupo dominante. A história aqui contada é baseada em fatos reais, mas remete também ao caso recente do ex-administrador de sistemas da CIA que denunciou o esquema de espionagem do governo americano em 2013 e foi tratado como um traidor, mesmo que tenha tido a atitude correta. É uma crítica clara à hipocrisia norte-americana, que trabalha sempre com dois pesos e duas medidas em se tratando de assuntos como esse.

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