Irei fazer um pequeno preâmbulo sobre como chegamos até esse post. Vocês sabem que ando bastante ativa no Instagram, respondendo TAG que nos obrigam a olhar com mais cuidado para a nossa estante. Há algumas semanas, vendo as fotos comecei a me questionar se eu tinha algum livro de autor(a) negro(a). Fiquei assustada por nem conseguir pensar em um nome!
Eu sei que muitas pessoas não conseguem enxergar o verdadeiro problema nisso. ~ e julgo a dizer que muitas pessoas nunca tinham se questionado sobre isso (me incluo nessa lista, infelizmente). Corri até a Maria e perguntei se ela gostaria de falar sobre isso, pois me senti totalmente impotente em relação a esse assunto. Então, fica a pergunta:
Wangechi Mutu, Forbidden Fruit Picker (2015) FONTE. |
Eu sei que muitas pessoas não conseguem enxergar o verdadeiro problema nisso. ~ e julgo a dizer que muitas pessoas nunca tinham se questionado sobre isso (me incluo nessa lista, infelizmente). Corri até a Maria e perguntei se ela gostaria de falar sobre isso, pois me senti totalmente impotente em relação a esse assunto. Então, fica a pergunta:
Quais autoras negras você já leu?
Olá, meu nome é Maria Ferreira e eu escrevo no blog Minhas Impressões. Hoje venho propor uma reflexão sobre a ausência de negros, sobretudo mulheres, nas nossas estantes e leituras.
Mesmo partindo de um lugar discursivo de uma mulher negra, porque é o que sou, não foi fácil discorrer sobre esse tema e convido todas (os) vocês a também me exporem suas opiniões sobre esse assunto nos comentários.
Meu primeiro contato, consciente, com a escrita de uma mulher negra, deu-se com o livro “Quarto de Despejo”, publicado em 1960, com autoria de Carolina Maria de Jesus. Foi uma experiência tão impactante, que não vi outra alternativa senão começar a questionar: Por que essa autora não é trabalhada nas escolas? Por que só é conhecida nos meios de militância?
foto Rioonwatch |
Nesse livro, Carolina relata de forma sincera e direta, sua vida, a vida de uma mulher negra, mãe solteira, catadora de lixo que conta sua história com os meios que lhe foram possíveis: com cadernos que foram catados no lixo e com sua educação deficitária, uma vez que seus estudos foram somente até a segunda série. Esse é um dos motivos que mais comovem, tudo contribuía para a sua completa resignação, mas Carolina contrariou seu destino e escreveu sua história de uma forma tocante. E pasmem, seus livros foram traduzidos para mais de 13 idiomas. No entanto, quantas (os) de vocês já tinham ouvido falar de Carolina Maria de Jesus? Não é de se espantar que ela tenha caído no esquecimento pouco tempo depois. Não era interessante para a sociedade da época ter uma negra em ascensão, como Carolina estava.
Agora, pensando mais atualmente, gostaria que refletissem sobre quantos autores negros há na sua estante e quantos desses autores são mulheres negras? Então comparem com a quantidade de autores e autoras brancas. Aposto que a diferença grande. É alarmante, mas não me espanta. Durante nossa vida toda fomos ensinados a ver o mundo sob a ótica de autores brancos, desde os tempos de colégio até a universidade. Mesmo quando se estudava algum assunto sobre os negros, líamos autores brancos.
Há uma autora negra, nigeriana, que fez um discurso sobre os perigos da história única e eu sugiro que vocês assistam (o vídeo é facilmente encontrado no YouTube). Essa autora, muito mais conhecida atualmente, é a Chimamanda Ngozi Adichie. Seus livros Meio Sol Amarelo, Hibisco Roxo e Americanah, resgatam sua origem nigeriana e nos fazem refletir sobre a intervenção estadunidense em países da África, dentre outros assuntos.
Chimamanda é só uma das autoras negras nigerianas, há muitas outras que ainda não obtive a oportunidade de ler, mas que estou frequentemente tentando mudar isso. Do mesmo modo, há Carolina Maria de Jesus, que é só uma das muitas autoras negras brasileiras. Cada vez mais tenho ido em busca de autoras com quem me identificasse, não só literariamente, mas racialmente também. Porque representatividade importa sim e muito. Foi desse modo que conheci a Cristiane Sobral, escritora, poeta, artista e é desse modo que quero ler nomes como Ana Maria Gonçalves e Conceição Evaristo.
Minha dica para conhecerem novas autoras negras, é: frequentem saraus, periféricos se possível, estejam presentes em eventos culturais e pesquisem, pesquisem muito.
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